Meio do Céu - Ubiratan Muarrek
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- Calcular freteDepois de Corrida do Membro (Objetiva, 2007) e Um Nazista em Copacabana (Objetiva, 2016, semifinalista do Prêmio Oceanos) o escritor paulista Ubiratan Muarrek lança em livro a peça tragicômica Meio do Céu, pela Assírio & Alvim, na qual desvela os dilemas contemporâneos entre o Brasil arcaico e o Brasil moderno. Para isso, recorre ao relato de um dia na vida de uma família de pernambucanos na Inglaterra, dentro do espírito do teatro clássico de Molière - castigat ridendo mores, isto é, castiga os costumes rindo.
O cenário é uma Londres caótica, em 25 de julho de 2000, quando o então célebre avião supersônico de passageiros Concorde, voo 4590, explodiu no ar matando mais de 100 pessoas a bordo. Enquanto isso, duas brasileiras, Sofitel (negra) e Greta (branca), ambas vindas de um Recife assombrado pela escravidão e com um passado em comum, se encontram num parque na metrópole inglesa e travam um embate sobre eventos que marcaram suas vidas.
A partir daí, Muarrek constrói uma “cacofonia de palavras”, na definição do dramaturgo Léo Lama, que assina o texto de apresentação da obra. Influenciada por Harold Pinter e James Baldwin, com referências ao Movimento Armorial de Ariano Suassuna, Meio do Céu sintetiza e prenuncia a crise social, política e econômica das duas primeiras décadas do século 21.
A carpintaria literária de Muarrek parte de um evento marcante literalmente no céu para exibir a discórdia racial que permeia a sociedade brasileira. Ela cria também o abismo entre o Brasil arcaico e o Brasil moderno, sobre o qual o político e diplomata recifense Joaquim Nabuco (1849-1910) já dizia querer implantar uma “ponte de ouro”.
O Brasil de Meio do Céu, exposto pelo contraste de uma comunidade de brasileiros vivendo no exterior, expõe uma sociedade saturada de tensões e do desejo de vingança. Ainda assim, mostra que, apesar de todos os acidentes do passado, ainda é possível encontrar a concórdia no futuro.
“Em Meio do Céu os outros são criados ininterruptamente através de nomeações que obscurecem, traduzem e confundem. É preciso que se diga que a realidade não é absurda; contrassenso é achar que ela existe como a percebermos. Podemos dizer que o desconcerto dramático que Meio do Céu nos causa vem evidenciar que o que chamamos de realidade só atinge o ápice de sua potência quando se entrega ao Absurdo”.
Léo Lama, dramaturgo
- Encadernação: brochura
- Data de Publicação: 2023-06-06